Morte - Uma amiga acolhedora

                 Sentiu a lâmina penetrar-lhe a carne. O liquido quente começava a encharca lhe as roupas. O mundo parecia escapar, girava. Viu a figura de seu assassino ali, encarando-o. Estava tudo embaçado.
                Tornava-se difícil respirar. O sangue enchia os pulmões. Estava morrendo.
Um lagrima escorregava pelo rosto sujo e cansado. Tinha apenas um desejo e não iria realiza-lo, pois a morte chegara cedo.
                Seu assassino o deixou no chão molhado, sozinho. Caindo. Morrendo.

                Uma lembrança invadiu sua mente. Um sorriso delicado e suave. Pertencia a sua querida Mary, sua amada. A deixaria sozinha, gravida, na casa de seus pais. Quem contará a ele que ele não chegaria com tulipas na mão na hora do jatar?   
                O ar escapou-lhe rápido. O mundo começava a escurecer. Uma imagem formou-se a sua vista. E num último suspiro ela falou:
_ Não me esqueça... Mary...
                Sua tão amada esposa o beijou suavemente depois foi sendo tomada pela escuridão do mundo. A morte trouxera o sossego do homem que agonizava na estrada, levando-o para um sono eterno.