Como um conto de Natal - Zac Efron

         Capitulo um: Lar.

 

        Zac dirigia rumo ao subúrbio de Los Angeles, passaria as festas de fim e ano com sua família. Interrompera as gravações de seu tão esperado filme, “Love in Vegas”, durante duas semanas. Seriam duas semanas livre de câmeras, maquiagens e daquelas luzes intensas de Las Vegas.
         Nem se lembrava da última vez que passaria tanto tempo na casa de seus pais. Estava trabalhando bastante nos últimos dois anos; quando estava não estava filmando, estava fazendo dublagem e quando não fazia nenhum dos dois, estava em campanhas publicitarias.
         O vento frio da noite assanhava seu cabelo. Ligou o rádio para se distrair, deixando em uma estação qualquer. Uma música de batida suave e envolvente começou a tocar. Ele deixou que a música preenchesse seus pensamentos.
         Já estava próximo. Uma estranha ansiedade encheu-lhe de repente. Lembrou-se que sua mãe havia-lhe prometido um pedaço de sua torta favorita, pêssego com creme. Era algo que fazia lembrar-se da sua infância, um tempo sem preocupações, sem responsabilidades.
         Estacionou o carro no jardim. Sua mãe o aguardava a soleira da porta.
_ Que saudade! – disse ela abraçando-o.
_ Também senti sua falta mãe. – Zac arfava o cabelo dela. Deixou que o perfume de sua protetora enchessem seus pulmões. Estava finalmente em casa.
         Deixou a mala próxima ao seu antigo armário. Nas gavetas de baixo, ainda havia algumas camisetas e moletons.
         Tomou banho e trocou-se. Jogou-se na cama sem pensar, sentia a macies da colcha, nenhuma cama era como aquela. Acomodou-se sob os lençóis, encarou o teto do quarto, sorriu ao terminar de lar a frase que escrevera lá, quando começara a fazer filmes.

“Lute por seus sonhos e ele se realizará”.

         Então, ele adormeceu.
         Naquela noite, Zac havia sonhado com uma garota. Não se lembrava do rosto dela, mal se recordava do sonho; a única coisa que lembrava era que tinha abraçado a jovem, sentia amor naquele abraço, o calor do corpo dela o invadia e o preenchia. Ele repetiu cena inúmeras vezes em sua mente naquele dia.

_ E como estão as gravações filho? – David colocava salada no prato.
_ Estão indo muito bem. – respondeu Zac pondo um pedaço de carne na boca. Não queria falar sobre o trabalho.
_ Ah! Denise vai casar. – disse sua mãe pondo o suco na mesa.
         Denise era sua prima. Havia meses que ele não a via.
_ Nossa! – falou Zac surpreso.
_ É, eu sei. – intrometeu-se seu irmão – Alguém quis casar com ela! –Dylan fez cara de nojo.
_ Isso é coisa que se diga Dylan! – Starla reprendeu o filho.
         Todos riram.
         O almoço seguiu alegre e descontraído. Após a sobremesa Dylan fez uma proposta a Zac.
_ Vamos jogar? – Dylan observava o irmão por os pratos na pia. – Ou será que Zac Efron aos 24 anos de idade já não tem mais capacidade de enfrentar o grande Dylan.
_ Você vai perder pirralho – provocou Zac.

         Zac subiu para se trocar, estava animado. Em pouco tempo os irmão Efron estavam jogando basquete na pequena quadra construída atrás da casa.
_ Toma essa “pirralho Dylan” – comemorava Zac com a cesta de 3 pontos.
_ Sorte de velho! – resmungou o outro.
_ O pirralho vai chorar?
         O prazer de jogar o invadia por completo. Ele estava feliz. Feliz por estar ali, disputando com seu irmão Dylan na casa das pessoas que mais amava.
         David juntou-se aos filhos. Sentou-se no gramado com uma rádio velho ao seu lado.
_Olha Zac! – Dylan sorria.
         Zac observou seu pai. Aquela cena o fazia retornar a infância. Lembrava-se de que seu pai sempre ligava aquele rádio quando enquanto jogar com ele e Dylan.
_ Como nos velhos tempos. – falou David.
         O jogo seguiu por mais algum mais tempo. Os três conversavam e brincavam empolgados. Era tudo o que Zac precisava depois de tanto tempo longe da família.
         Já estava anoitecendo quando entraram em casa.
_ Vou dormir um pouco. – Zac deu um beijo na bochecha de sua mãe ao passar por ela na cozinha.
_ Acorde antes do jantar. Andrew estará aqui.
_ Pode deixar. – Falou ele subindo as escadas.
          A água tocava-lhe os músculos bem delineados e fortes. Enxugou-se rapidamente e vestiu-se. Da janela observou as estrelas aparecerem no céu. Deitou-se na cama e antes de adormecer uma imagem invadiu sua mente, a lembrança de abraça uma moça no sonho... Então, a escuridão o envolveu.

No jantar todos conversavam alegremente. Andrew levara a esposa à casa dos Efrons.
_ Seu time é uma fracasso! – Dylan zombava do primo.
_ Nisso tenho que concordar. – disse Andrew resignado.
         Todos riram.
_ É menino ou menina Stella? – perguntou Zac curioso.
_ Uma menina. – Stella deu um largo sorriso – O médico falou que talvez nasça no final de maio.
         Zac abençoava silenciosamente a família que Andrew construía. Observando o casal, até sentiu um pontinha de inveja. “Formar uma família...”, o pensamento passeava em sua mente.
_ Queríamos te fazer um pedido Zac. – a voz de Andrew tirou Zac de seus pensamentos – Gostaríamos que fosse o padrinho do bebê. – ele sorriu.
         Todos olharam para Zac.
         A surpresa era clara em seu rosto. Não esperava que Andrew o escolhesse.
_ O que me diz? É uma missão difícil demais?
_ Claro que aceito. – Zac ainda estava maravilhado.
         Um brinde foi feito para comemorar a ocasião e a escolha de Zac para padrinho. Todos continuaram a conversar e a rir durante todo o jantar.

Na varanda, Zac despedia-se de Andrew e Stella. Agradecera varias vezes por terem escolhido ele como padrinho.
_ Não se esqueça de amanhã. – Stella lembrou a ele.
_ Pode deixar. – Zac acenou para o casal que já estava no carro.

Fora convidado por Stella para um evento de Arte que ocorreria no dia seguinte. Ela iria expor juntamente com mais alguns artistas pinturas e desenhos.

Zac deitou-se na cama, virava de um lado pro outro, mas não conseguia dormir. Resolveu assistir televisão. Assim que ligou o aparelho uma propaganda anunciava o evento que Stella lhe convidara. Procurou em algum canal algo que chamasse sua atenção, mas não havia nada te interessante passando. Desistiu e tentou dormir novamente.

O tempo passou rápido no dia seguinte. Depois do almoço Zac e Dylan foram competir na piscina.
_ Não sei como aguentam ficar na água num frio desse! – admirava-se Starla.
         A noite logo chegou. Zac se arrumava para o tão comentado evento, estava quase na hora de Andrew e Stella passarem para pegá-lo. Fizeram questão que ele fosse com o casal.
         O relógio de pulso marcou 20hs. Antes de deixar o quarto, Zac pegou sua carteira e o celular que estavam em cima do criado mudo. Depois saiu.

Chegaram ao evento em pouco tempo. Fotógrafos e jornalistas estavam de plantão na entrada.
         Andrew entregou a chaves do carro ao condutor. O três seguiram juntos pelo tapete vermelho estendido sobre na escadaria. Um tumulto se formou quando jornalistas e fotógrafos avisaram Zac Efron.

Dentro do salão principal, Zac admirou-se com a decoração. Tudo estava magnifico. Quadros de diferentes tamanhos era exposto em quase todos os locais.
         Andrew acompanhou Stella enquanto ela falava com um jornalista. Enquanto isso, Zac caminhava pelas galerias observando as obras de artes. Uma, em especial, chamou sua atenção.
         Linhas coloridas formavam uma mulher que parecia flutuar num campo florido. Ao lado do quadro, uma pequena placa dourada indicavam seu nome e o pintor. Zac o leu:

“Liberdade.
Artista: Uchoa, B”.

_ Incrível, não é mesmo? – uma voz feminina interrompeu a analise de Zac.
_ É mesmo. – respondeu ele sem olhar para figura atrás de si.
_ Não vai nem olhar pra mim? – retornou a falar a mulher. Aquela voz era estranhamente familiar a Zac. Ele virou para ver quem era.
         De vestido dourado, com longos cabelos loiros e olhos azuis, Anne o encarava. O coração do rapaz acelerou quase instantaneamente ao ver aquela figura ali parada.
_ Há tempos não o vejo Zac. – disse ela dando um sorriso malicioso.
          “Meu Deus!”, pensou Zac surpreso.
         Anne e Zac namoraram por mais de um ano. Ele estava tão apaixonado que pensara em pedir ela em casamento. Mas descobrira que ela o traia com o dentista do casal.
_ Ando ocupado. – a fala saiu áspera. Ele não fez nem questão de esconder a cara de desgosto ao vê-la. Já se retiravam quando Anne segurou seu braço.
_ Zac... – disse ela numa doce voz -... Já se passou um ano.
         A raiva o tomava aos poucos. Era verdade, havia passado um ano desde a separação do casal, mas Zac sofrera durante um bom tempo.
_ Anne... – as palavras saíram baixas e ásperas, tentava controlar a raiva, mas era difícil olhando nos olhos dela – Poderia ter passado até dez mil anos e ainda assim, eu não gostaria de olhar para a sua cara. – ele puxou o braço e começou a andar.
_ Você ainda me quer Zac. – a ouviu falar atrás de si. Anne tinha um tom convencido na voz.
         Zac virou e sorriu torto.
_ Desculpe querida, mas não compro objetos já usados. – ele deu de ombros e saiu sem olhar a cara de Anne.

_ Andrew – ele chamou o primo que conversava com alguns homens – Estou indo embora. – completou quando o primo se aproximou.
_ Por quê? – perguntou Andrew sem entender.
_ Anne está aqui.
         A simples frase fez Andrew compreender.
_ Quer que eu vá te deixar?
_ Não precisa. – Zac sorriu para tranquilizar o primo – Eu só não queria passar...
_ Você pode sair pelo estacionamento. – sugeriu Andrew entendendo que o primo não estava com vontade de enfrentar a impressa. Zac sorriu em agradecimento.
_ Diga a Stella que peço perdão.
_ Não se preocupe, ela vai entender.

         Graças a Andrew, Zac saiu pelos fundos, longe dos jornalistas e dos fotógrafos.
          “Anne está em Los Angeles!”, ele passou a mão no rosto.
         Não conseguia acreditar que justo naquele evento a encontraria.

         Zac passava por um Volvo azul marinho enquanto os últimos acontecimentos fervilhavam em sua mente. Algo chamou sua atenção quando passou pelo carro, parecia ter visto algo pelo canto do olho. Virou para verificar o que era. Surpreendeu-se com o que viu.
         Sentada no chão encostada ao Volvo uma jovem olhava pra ele. Ela não aparentava ter mais de 23 anos, os olhos castanhos e levemente puxados mostravam-se surpresos; o cabelo castanho ondulado caia-lhe até o ombro e refletia em alguns fios um tom escuro de vermelho; A pele castanha tornava belo o contraste com o vestido branco.
_ Por favor – ela sorriu sem jeito, suas bochechas pareciam corar – diga que não tem mais ninguém vindo ai. – os olhos da jovem pareciam suplicar a resposta de Zac.
         Zac olhou para todos os lados, mesmo tendo a certeza que ninguém estava ali, exceto ele e a jovem no chão.
_ Não tem ninguém. – ele respondeu.
_ Ufa! – ela suspirou aliviada.
         Zac a observou por alguns segundos. Para ele, aquela cena era no mínimo estranha.
_ Você está... Bem? – perguntou ele incerto.
_ Ah! Estou. – ela se levantou e ajeitou o vestido que ia até a altura do joelho. – Eu... Estava fugindo de uma pessoa. – ela falou encarando o chão sem graça.
          “Eu também.”, pensou Zac.
_ Desculpe... – ela começou relutante. Zac acenou com a cabeça para que ela continuasse – Sabe onde posso pegar um taxi?
_ Ahh... – “Ela não é da cidade”, observou ele, “ou... É doida!”, a reflexão o fez sorrir – Eu estava indo pegar um, ou procurar – ele lembrou que não tinha o numero de nenhuma companhia de taxi – se quiser me acompanhar. – tentou ser gentil.
_ Se não for incomodo. – o rosto da jovem se iluminou.
_ Nem um pouco.
_ Muito, muito obrigada.
         Zac sorriu com a forma desajeitada que ela agradeceu.
         Eles caminharam juntos para fora do estacionamento.
_ Você não é daqui, é? – perguntou ele para concretizar uma de suas teorias.
_ Não. – ela sorriu gentilmente – Estou aqui por causa do evento.
_ E gostou... Do evento? – ele tentava iniciar uma conversa. Ela sorriu novamente.
_ Não fiquei tempo suficiente. – respondeu ela. Os dois riram. – Acho que não vou repetir a pergunta, porque creio que a resposta seja a mesma.
_ Verdade. – Zac concordou. – Também estava fugindo de alguém – confessou ele.
_ Nossa... – disse ela depois de observá-lo alguns segundos – Você me parece tão familiar.
         Zac sorriu.
_ Sou Zac Efron. – disse estendendo a mão a jovem.
_ Claro! – seu rosto se iluminou como se acabasse de solucionar um enigma. – Eu sabia que o conhecia – ela completou.
         A jovem pegou a mão de Zac que estava estendida. O rapaz gostou de sentir a pele macia dela, tocar a sua.
_ Beatriz.
_ Muito prazer Beatriz.
_ Igualmente, Zac Efron. – ela sorriu novamente. Aquele sorriso parecia que quase nunca deixava seu rosto. – Isso parece meio surreal. – completou-a.
_ Então... De quem estava fugindo? – perguntou curioso.
_ Um cara começou a me seguir lá dentro. – resumiu ela – Os detalhes são perturbadores. Pra você ter uma ideia eu tentei até dizer que era lésbica, mas não funcionou. – disse ela meio desapontada. – Talvez minha atuação não tenha sido tão convincente.
_ Uau! Ele realmente estava interessado em você. – falou Zac chutando uma pequena pedra.
         Caminharam por mais de um quarteirão atrás de um táxi.
_ Acho que não vamos encontrar um táxi tão cedo. – Zac olhava para as ruas pouco movimentadas.
_ Meu Deus! – disse Beatriz olhando para longe.
_ o que? – Zac procurou a origem da surpresa da moça.
         Num pequeno campo de areia, quase escondido por algumas plantas, tinha dois balanços presos num galho de uma árvore.
         “Essa garota não é normal!”, pensava Zac ao ver Beatriz ir em direção aos balanços. Ele a acompanhou, estranhamente estava se divertindo com tudo aquilo.
         A jovem sentou nu balanço.
_ Sabe aquela sensação de estar voando, e ser livre... Como se os problemas do mundo não o atormentassem? – ela falava encarando o céu entre as pequenas brechas entre as folhas. Parecia mergulhada nas lembranças que despertaram em sua mente. O sorriso voltou a habitar sua face delicada – Eu me sinto assim, ou pelo menos me sentia, quando brincava num destes.
_ Eu também. – confessou Zac. Ele se sentia a vontade em falar com Beatriz. Talvez fosse o jeito cativante de ela falar e sorrir ou a maneiro como transpirava confiança. – Parece que tudo fica mais complicado depois que a gente cresce.
_ Verdade. – a palavra saiu quase num sussurro.
         Perderam a noção do tempo enquanto conversavam. Nem perceberam a lua avançar no céu com o passar das horas.
         Zac observava Beatriz sorrir, realmente o sorriso não deixava sua face, o que não era ruim, pois ele julgava um belo sorriso. Cativante e delicado sorriso.
         Falaram da infância e dos micos que cometeram. Ela ria das trapalhadas que Zac a contou e das que ela mesma o falava a ele. Talvez fosse o modo como ela ria, feito uma criança boba, que o fazia sorrir também, mesmo quando não tinha graça no que falavam.
_ Como já é tarde! – Beatriz olhava o relógio no pulso de Zac. Ela saiu do balanço rapidamente.
_ São 3h da manhã. – surpreendeu-se Zac.
         Ele pegou o celular no bolso, lembrara que o havia deixado no silencioso. Havia mais de 10 chamadas.
         O telefone de Beatriz tocou. Ela o atendeu e começou a falar em francês. Parecia tentar explicar algo. Zac esperou ela terminar de falar para perguntar.
_ Algum problema? – ele se aproximou dela.
_ Na verdade uma solução. – ela guardou o celular na pequena bolsa que carregava. – Um carro está a caminho para nos pegar, então acho melhor voltarmos para avenida.
_ A nós dois?
_ É... A não ser que não queira a carona. – ela sorriu dando de ombros.
_ Vou aceitar a carona.

         Estava num carro poucos minutos depois. Conversaram durante mais algum tempo no carro. Antes de sair Beatriz ligou para alguém, novamente falando em francês. Ela explicou a Zac que estava apenas avisando que o motorista ia demorar a chegar. Ela havia dado instruções ao motorista que levasse Zac para casa depois de deixá-la.

_Bem... É aqui que me despeço. – disse ela quando o carro parou em frente ao Four Seasons Hotel. – Nos vemos por ai. – ela sorriu.
_ Eu espero que sim. – Zac retribuiu o sorriso.
         Ela desceu do carro e acenou para Zac antes de entrar no hotel. Ele observou o Four Seasons ficar distante pelo vidro traseiro. Enquanto as imagens passavam rápidas pela janela fechada, ele se lembrava da noite que tivera. Apesar de ter reencontrado Anne, estava contente por ter conhecido Beatriz e esperava mesmo vê-la de novo.