Capítulo III
Escrito por Neivania
Dois dias depois...
Eu não queria pensar no sonho. Ainda estava na cama resolvendo se perguntaria mais sobre a história dos lobos e vampiros ou se acharia sozinha o caminho para La Push. Mas com a família que tenho, acho difícil dar um passo sem que eles saibam. Então é mais prudente perguntar mais sobre os lobos quileutes.
Mas antes... Meu aniversário. Estava chegando o dia e eu não queria festa. Minha tia Alice, queria festa com tudo mais que eu tinha direito e eu queria apenas sumir. Talvez fosse exagero, mas eu queria ir a La Push com certeza e conferir com meus próprios olhos. Bom presente para mim.
Quanto à festa, seria familiar, como sempre foi. Talvez eu dissesse a tia Alice que não queria uma ou que preferia outra viagem a Europa, apesar de já conhecer quase toda ela.
A decisão de voltar a Forks foi de minha mãe. Denali estava lhe “enchendo”, então ela decidiu voltar. Com ela, todos os outros acharam por bem acompanhá-la. Era minha primeira vez em Forks. Já conhecera diversos lugares, principalmente com minha tia Alice que sabia sempre fazer uma programação fantástica. Visitávamos vários lugares do mundo.
Ao chegar a Forks, não me deixaram sair dos arredores da casa, pelo menos ainda não. Como humana e minha família sendo todos eles vampiros, nenhum deles queriam que eu fosse uma “isca” para os outros que poderiam estar por perto e me matar sem pensar duas vezes. Poucos sabiam de minha existência. A super proteção deles às vezes me sufocava.
Eu não tinha muitos amigos. Aliás, além da minha família, não tinha mais ninguém. Não podia freqüentar a escola normal porque as pessoas ainda se lembrariam dos Cullen. Isso poderia assustar as pessoas. Então tinha aulas com minha própria família. Ao decidir dividir minha morada entre a casa de meus pais com meus bisavôs, Carlisle organizara um cronograma a ser seguido como numa escola normal. Mas só a organização, pois o conteúdo era muito mais avançado.
Meus pais, avós, tios e tias se revezavam como meus professores. Para cada assunto um deles assumia a função ou funções. Cada um com o seu toque pessoal, claro. Carlisle era o único que não podia ministrar aulas, pois como médico no hospital da cidade vizinha seu tempo era restrito, mas ainda assim eu tomava o pouco do seu tempo para tirar dúvidas e dar folgas aos meus queridos tutores.
Rose ensinava história, artes e etiqueta. Emmett ensinava defesa e ataque - exercitávamos juntos. Alice ensinava línguas estrangeiras e toda tendência da moda. Jasper ensinava química e física e teoria de guerras. Meu pai ensinava inglês e biologia. Minha mãe, matemática e literatura. Eu também tinha sua facilidade com números assim como minha mãe e eu absorvia tudo muito rápido.
Em poucos anos eu concluiria toda a grade. Estaria pronta para ir à faculdade, mas meu corpo se atrasou um pouco. Aprendia rapidamente, mas meus pais viam que eu não tinha as ações de uma criança normal da minha idade. Meus conhecimentos às vezes os assustavam.
Como humana eu meu corpo se desenvolvia normalmente, mas minha inteligência superava quase todos os da minha família. “Só minha inocência é que me prendia às raízes da ignorância” como dizia meu pai. Mas o que eu não sabia por ser ainda uma criança, segundo eles, tinha haver com relações pessoais. Os livros me ajudaram a entender muito sobre as relações entre adultos. Creio que eles também não me deixavam ler todo tipo de livro. Segundo meu pai, eu era sim uma vampira... Mas de livros. Eu os sugava rapidamente. E eu tinha sorte de poder sugá-los quantas vezes eu quisesse. Porém eu tenho boa memória e não precisava consultá-los tantas vezes assim.
Um cheiro bom de comida bem feita subiu ao meu quarto e sabia perfeitamente quem era o chef desse magnífico banquete. Desci a cozinha e encontrei tio Emmett preparando meu café. O cheiro estava muito bom.
-- O que tem ai? – fiz a minha melhor cara.
-- Ovos mexidos com bacon, donzela. – disse singelamente fazendo uma reverência.
Eu gosto do jeitão dele. Despojado, alegre, competitivo até a raiz do cabelo. Então acho que sabia buscar no seu ponto mais fraco as minhas respostas. Aproximei-me devagar e sentei-me num banco do balcão que servia como mesa da cozinha feito uma gata atrás da caça.
-- É verdade... que os lobos são mais velozes que os vampiros? – provoquei-o com um ar de inocência. Nesse momento sua espátula a qual misturava os ovos, parou. Pelo canto do olho ele me olhou e talvez soubesse o que eu estava mesmo querendo saber. Retirou o frigideira do fogão e desligando o gás. Acho que consegui chamar sua atenção.
-- Muito bem, mocinha, fique você sabendo de uma coisa – disse apontando a espátula para mim – os lobos não são mais velozes que os vampiros, Ok? – sua voz estava mudando do doce e gentil tio Emmett, para um urso enfurecido Emmett.
Não me intimidei.
-- Mamãe disse que conheceu um lobo muito veloz... – testei-o
-- Jacob não era mais veloz do que eu! – afirmou com firmeza e orgulho.
Bingo! Melhor suavizar.
-- Tio me fala desse... Jacob. Você o conheceu? – disse aguardando sua reação.
-- Vamos mudar de assunto. – respondeu sério. Talvez ele não tivesse boas lembranças. Levou um tempo, mas sua face foi mudando e parece ter pensado em outra coisa e logo pôs de novo um largo sorriso no rosto – O que quer ganhar de presente de aniversário?
Mudara de assunto. Ele achava que eu iria desistir logo agora.
-- Que você me conte toda a história e isso seria um ótimo presente.
Apertei meus dedos torcendo que meus pais não tivessem muito perto. Precisava saber o que estava acontecendo. Porque nunca consegui captar nada. Quando eu estava por perto, eles falavam rápido e baixo e paravam quando percebiam minha presença. Como humana não consigo distinguir muitas palavras quando eles conversam, mas sabia que era sobre os sonhos, eu e Jacob. Isso só fazia aumentar a minha curiosidade.
Meu tio me olhou convencido que não me convenceria de retroceder no meu desejo ou ele mesmo estava muito a fim de me contar..
-- Muito bem mocinha. Prepare-se. – mordeu o lábio talvez pensando em “por onde eu começo”.
Mas antes que ele começasse, a porta da cozinha se abre e meus pais entram um após o outro. Virei para o meu tio que estava novamente com aquele sorriso largo naquela enorme cara branca e me senti avermelhar. Não de vergonha, mas de raiva. Agora, tinha que adiar tudo. Notei também que meu tio estava aliviado pelo surgimento repentino de meu pai.
-- Não – disse suavemente Edward logo atrás de mim.
Esquece a história, teria de ver isso de outra forma.
-– Sou eu quem vai te contar tudo. – sua voz estava mil vezes mais doce.
Meu sorriso no canto da boca praticamente dizia meu pensamento: “agora sim, versão verdadeira dos fatos direto da fonte”. Meu pai sorriu, acho que foi do que pensei.
-- Mas antes coma. – parecia também mais calmo e bem humorado do que há dois dias atrás.
Como sempre ele tinha fazer suspense em tudo que iria me contar. Obedeci sem nada dizer e debrucei-me sobre o meu prato, limpando-o rapidamente. Apontei para o prato indicando que não havia mais nada. Mas ele apontou para o copo de leite a minha direita. Engoli o restante, segurei o copo de leite e comecei a bebê-lo. A porta da cozinha abriu-se de novo e meus queridos bisavôs entraram e depois minhas tias Alice e Rose e finalmente meu tio Jazz.
Agora sim, toda a família reunida. Isso era mal, porque toda vida que todos estavam juntos eu teria que sair para que eles pudessem conversar. Vi meus planos escorrer por entre meus dedos. Minha decepção fora tão grande que não deixou que eu os recebesse como sempre. Achei que tinha de sair e quando me preparava para sair ouvi meu pai.
-- Sem drama. – disse papai seco – Senta ai.
Foi minha mãe que, mais docemente, aproximou-se de mim e beijou minha cabeça.
-- Vamos lhe explicar tudo.
Suspirei aliviada. Finalmente!
-- Acalme seus pensamentos mocinha. – papai sentenciou de vez.
-- Ok, mas posso fazer perguntas, certo?
-- Sim, meu anjo. – disse Carlisle
-- Não acho prudente – disse tia Rose. – Sabem o motivo - parecia realmente discordar com tudo, mas pouco me importava naquela hora.
-- Acho que ela tem o direito. – disse Alice e o tio Jazz concordou. Então virei para o tio Emmett como que lhe perguntando.
-- Faz muito tempo que não concordo com Rose, mas... nisso eu concordo com ela. Você é muito nova. Talvez você não consiga compreender tudo. – essas últimas palavras saíram mais doces, mas não me convenceram de desistir.
-- Quero saber. – disse decidida. – Bem acho que a maioria vence, certo? – respirei, porque tinha certeza que algo bem diferente iria surgir. - Por favor.
Os vampiros não têm pressa realmente, a não ser para caçar. E quando se tratava de revelar segredos, o tempo parecia parar.
--Então, eu começo. – disse Carlisle – A sua primeira pergunta foi sobre a rapidez dos lobos, certo?
-- Vamos direto aos fatos, Carl – tinha de avançar antes que eles desistissem – por que sonho com Jacob, se nunca o vi antes? – isso sim era A pergunta.
Vi o espanto no rosto de todos.
-- Isso é realmente interessante. – afirmou Carlisle se recompondo – Contudo, tem outras coisas que aconteceram que podem talvez explicar parte desse mistério. – olhou para todos como se não houvesse mais o quê esperar.
-- Filha – mamãe talvez fosse mais corajosa e começou – O problema em revelar tudo o que está acontecendo é porque tem uma coisa que não te contamos antes. – sua voz era mansa, mas tinha receio em falar. - Isso é um motivo de dor e preocupação ao mesmo tempo.
Minha mãe aos poucos revelava algo que havia ficado no escuro. Durante muito tempo achei que minha mãe, minha verdadeira mãe Renesmee ou Ness como eles a chamavam, havia morrido, mas não foi bem assim. O lado humano de Ness havia morrido quando perdera sua grande paixão. Sucumbira seu desejo de viver como humana e tornou-se vampira de vez sendo mordida. Contudo, não por nenhum Cullen. Pelos Volturis. Uma estranha família que vive na Itália que tem pompa de família real e tribunal da santa inquisição ao mesmo tempo. Eles tinham outros vampiros que possuíam tantos poderes magníficos quanto meus pais-avós, tia Alice e Jazz juntos. Entretanto, algo muito mais importante eu descobri: minha mãe estava viva.
-- Viva?! – repeti meus pensamentos. Meus olhos estavam bem abertos e senti que não piscava. Senti um arrepio em meu corpo e acho que eles sentiram meu corpo esquentar.
-- Sim, mas não quer saber de nós. – Bella falou com muita tristeza.
-- De mim, você quer dizer – corrigi rapidamente. – Por qual motivo? O que fiz a ela?
-- Liz, – agora era meu pai que falava – ela NÃO sabe de você...
-- Como não SABE de mim? – senti minha garganta arder.
-- Ela pensa que você não conseguiu sobreviver ao parto. – disse meu avô e sua voz era carregada de dor.
Senti o chão sair dos meus pés. O mundo realmente parou ou era eu morrendo?
-- Minha mãe... pensa... que estou... morta... – minha voz foi diminuindo – por que?
-- Porque foi preciso, para lhe proteger. – disse meu pai. Em seu rosto estava uma tristeza. As lembranças do que quer que tenha acontecido ainda estavam bem claras em sua mente.
Edward tentou me tocar o ombro, mas eu não queria seu toque, pela primeira vez, não queria seu afago e seu olhar de pena. Olhei a todos e vi neles uma raiva subindo em mim.
-- Mas Ela está Viva, mesmo no modo vampiro e não sabe que estou viva? – sabia que não estava na minha cor normal. Meu rosto ardia, senti o suor descer pelo meu pescoço e testa. – E vocês me deixaram sem saber disso? – eles trocaram olhares de confirmação. Mas não falaram nada.
-- Como eu disse você é muito nova para saber... disso. – tio Emett ainda acreditava que não era capaz.
-- Então, para tudo ficar certo – respirei fundo procurando racionar - ela precisa saber que estou viva. Talvez isso a mudasse. Sua tristeza fosse embora. – disse, mas senti que ainda assim, algo não se encaixava. - Poderíamos encontrá-la e contar-lhe que estou viva - ao mesmo tempo em que dissera isso a todos, olhei para Edward e em seus olhos vem a resposta que ele não queria dar. Mas lhe cobrei assim mesmo.
-- Não. – disse secamente a sua resposta.
-- Como pode ter certeza? – arfei tensa.
-- Após você ter vindo ao mundo, você não chorou. Carlisle temeu que você não sobrevivesse e a pôs em uma incubadora que tínhamos prepara para qualquer eventualidade dessa gravidez. Lembre-se que ela era meio humana e meio vampira na época e algo poderia vir dar errado. Estávamos ao lado dela quase tempo integral, mas quando a deixamos descansar, sozinha e, por descuido talvez, por um momento só, eu não sei bem, ela decidiu ir embora. Não tivemos notícia dela durante algum tempo e a procuramos em todos os lugares. Não sei como ela conseguiu, mas ela teve forças o bastante para isso. Alice não conseguia localizá-la porque Renesmee tem a junção dos poderes de Bella, meus e mais alguns. Quando finalmente tivemos notícias dela. Estava na Itália e com os Volturi. Eles mesmos entraram em contato conosco e perguntaram sobre o filho da ex-meia-vampira com um humano: você. – pausou e fitou-me - É claro que não poderíamos dizer que você havia sobrevivido. Não tivemos chance de contarmos para ela somente que você havia sobrevivido. Eles, os Volturi nos observariam durante anos ou pelo menos tentariam. Com certeza eles viriam até aqui buscá-la se soubessem que estava viva e você viraria o lanche deles ou sei lá o quê. Descobrimos que Ness estava transformada de vez num deles e agia como um deles.
Entenda que fizemos tudo isso para te proteger. Assinalei com um balançar de cabeça que entendia tudo o que dizia, mas não via como eles.
-- Minha mãe não teve a chance de saber que eu estou viva. Vocês não contaram.
-- Ela não pode saber que você está viva, na verdade. Por isso pedi a Alice para lhe ajudar a bloquear seus pensamentos como sua mãe... Bella faz isso naturalmente. – disse meu pai e sua voz estava mais doce ainda.
-- Poderíamos convencê-la. Tentar pelo menos...
-- E atrair aqueles monstros para Forks ou qualquer outra cidade que escolhermos para eles destruírem como castelos de areia? – tio Jazz que havia apenas observado falou pela primeira vez desde que chegou – Eu já lhe contei tudo sobre eles e os demais vampiros que não vivem como nós.
-- Tio, eu sei, mas eu não sou a Branca de Neve e não posso viver dentro de um caixão de vidro para o resto da minha vida. Eu envelheço, ao contrário de todos vocês. Tenho certos poderes, mas não sou... uma Vampira! Talvez se eu me tornasse uma...
-- Não!! – todos ao mesmo tempo praticamente gritaram.
Nunca iriam me permitir ser uma deles.
-- Fora de questão – disseram meus pais.
--Tire isso da sua cabeça mocinha – disseram tia Rose e Emmett quase em uníssono.
--Esperem – disse Carlisle, parece que alguém iria estar do meu lado?
Voltou para mim. Respirou fundo para recomeçar
-– Querida, já passamos por isso... Duas vezes. – explicou Carlisle
-- Não entendi. De quem vocês estão falando?
-- De mim, meu anjo, e é claro sua mãe. – disse Bella com uma pontada de culpa.
Mamãe rapidamente me explicara o que sofrera quando era humana. Papai completou dizendo que quase o deixara louco por isso. Tentou até se matar uma vez quando ela pulou de um penhasco e pensou que tivesse morrido. Daí, ele se entregou aos Volturi. Mamãe e tia Alice viajaram até a Itália para impedir meu pai de desistir de tudo. Também me contaram que isso só o fez se unir mais ainda a ela. Logo após, os Volturi voltariam, porque houve uma batalha em Forks: lobos e vampiros fizeram uma trégua se juntaram para lutar contra um exército de vampiros-novos. É claro que venceram, mas os Volturi prometeram voltar para saber se haviam transformado Bella. Eles voltaram sim, depois que minha mãe nasceu, mas não puderam fazer nada: lobos e vampiros haviam se juntado novamente para outra batalha que não aconteceu porque minha mãe Bella tinha protegido a todos com o seu poder. Eles foram embora novamente. Agora minha mãe, Renesmee, se entregou a eles.
Continuou explicando sobre os quileutes e como os lobos apareceram. Jacob finalmente entra na história como personagem principal. Como aconteceu o surgimento dos lobos, como se dividem e se protegem, suas principais lendas e como Jacob se comportou até o nascimento de minha mãe.
Então, de repente, parece que fiquei surda, porque tive a sensação de o tempo parar ao meu redor. As pessoas na sala não se moviam ou falavam, para não ser irônica, eles nem respiravam. Aquelas coisas que fazemos naturalmente para eles não são naturais, tiveram de aprender, aliás, reaprender sobre comportamento humano. Eles não precisavam fingir comigo, mas ainda assim eles faziam. Contudo, eles não haviam simplesmente parado de fingir os movimentos. Eles pararam realmente. Uma sensação estranha, um arrepio percorreu meu corpo e foi aumentando. Percebi que todos estavam paralisados olhando fixos para mim. Levantei da cadeira lentamente, andei pela cozinha, por entre eles e percebi que seus olhos não me acompanhavam. Outro arrepio desceu pela minha coluna alojando no estômago. Olhei pela janela da cozinha próxima a mim e vi os galhos das árvores parados, não havia vento ou pássaro voando. Dentre as árvores eis que surge o grande o lobo de pelo avermelhado, mas ele parecia machucado, mancava e arriou no chão com um baque, se destransformando. Jacob estava no lugar onde o lobo acabara de cair. Gritei seu nome. Um misto de dor e desespero enorme no meu peito cresceu e lágrimas derramaram sem controle dos meus olhos. Queria correr em seu auxilio.
Escutei longe uma voz de desespero gritar por mim. Meu choro não cessava.
-- Não, não Jake, por favor, não morra, não morra. – minha voz saia em soluços.
--Liiz! Acorde! – disse minha mãe em desespero. – Ela entrou em transe!
-- Elizabeth!! – a voz de meu avô era mais dura – Acorde agora!
-- Mãe!! – gritei com toda força. Braços pétreos me envolveram protegendo. Minha garganta ardia e sentia meu rosto e resto do corpo também arderem. Realmente eu me sentia em chamas.
-- Calma, meu anjo. Está tudo bem. – falou Bella sussurrando ao meu ouvido.
Senti meu corpo ainda tremer em seus braços. Ela pôs meu rosto em suas mãos e ela estava certa, agora estava tudo bem. Mas parecia tão real. Apesar das sensações de medo e desespero, senti que todos estavam encarando o que aconteceu de um modo diferente do que eu. Foi quando me controlei, pois uma voz em minha cabeça pediu para ter calma. Era a voz de Edward, pendido para me acalmar e meditar sobre o sonho. Ele estava usando seus poderes, pois ouvia seus pensamentos claramente e sentia forte seu amor.
“Pai, o que aconteceu?” - apenas olhando para ele.
“Tudo bem, você está segura agora.” – respondeu ele também em minha mente.
-- Ela está melhor? – perguntou tia Rose impaciente. Vi que realmente aquela mulher que parecia uma pedra de gelo estava realmente preocupada. Então, olhei fundo em seus olhos a puxei para um forte abraço.
Tia Rose poderia carregar o tio Emmett, como fez uma vez, e poderia acabar fácil com qualquer pessoa. Mas nesse abraço ela sentiu algo que não conseguia suportar, fez seu corpo tremer e antes que eu pudesse piscar, de um salto me empurrou e ao vê-la novamente estava do outro lado da cozinha. Todos a olharam e puderam ver junto comigo sua expressão aterrorizada.
-- O que foi? – tio Emmett foi ao seu encontro – Rose! O que aconteceu?
-- Emmett – gemeu seu desespero foi amparado pelo meu enorme tio que a tirou da cozinha. – O cheiro dela... Nunca vi isso antes.
-- Acho melhor você levar a Rose daqui, Emmett, por favor. – pediu meu pai que estava numa posição de ataque.
-- O que aconteceu, papai? – disse enquanto via minha bi-Esmee sair para ver Rose.
-- Você está cheirando mais do que Bella quando estava na sua adolescência humana. – explicou Carlisle rapidamente. – Eu devia ter advertido a todos, mas me distraí com o ocorrido.
Senti algo mais. Uma cólica bem abaixo do meu abdômen, mas resolvi ignorá-la.
-- E você parou de respirar a partir de qual momento? – perguntou mamãe ao meu pai.
-- Eu já passei por isso antes. – respondeu num meio sorriso – eu acho que já esperava por isso.
-- Mamãe, tia Rose ainda vai querer me ver, não é? – falei baixinho, mas a dor não passava.
-- Sim, meu amor, vai sim. Dê um tempo a ela para se acostumar. – disse mamãe, mas olhava para o meu pai para garantir sua resposta. – Agora, vamos para o quarto e trocar sua roupa.
Eu havia menstruado, por isso minha tia Rose sentiu tão forte meu cheiro. Meu primeiro ciclo poderia ter sido o último. Fiquei envergonhada, por toda a situação. Entretanto, Bella não me deixou um só momento. Minha amiga.
Voltamos e todos estavam na sala a minha espera. Observei que quase todos haviam parado de respirar.
-- É tão forte assim? – perguntei ainda mais envergonhada. - Carlisle? – eu tinha de saber.
-- Isso nunca foi um problema para mim. Aliás, eu já esperava por isso. – disse meu Carlisle calmamente sentando-se numa cadeira próxima a mim. – Como Bella, você Liz tem o mesmo cheiro, acho até que o seu é muito mais forte. – disse olhando para todos, ele disse isso e pensou que estava me elogiando - Isso é um pouco confuso, pois você adquiriu poderes de vampiro num corpo humano ou se afloraram poderes psíquicos em você.
-- Mas isso no momento não importa. Temos de saber dos sonhos e como podemos trabalhar com eles. – disse tio Jazz se dirigindo aos meus pais que sentaram bem próximo a mim – Alice teve também uma visão e é muito forte. Renesmee estará novamente conosco...
-- Como? E Jacob estará também? – a ansiedade voltara.
-- Não consigo ter visões com os lobos. Eles me bloqueiam. – tia Alice falou frustrada - Nem consegui saber se Bella realmente havia morrido quando pulou daquele penhasco, porque Jacob estava lá.
-- Ele é legal e foi um herói. – afirmei certa que veria a boca de meu pai se contorcer com esse comentário. – Tia, a sua visão com minha mãe pode se realizar, não pode? – falei para quebrar o clima.
-- Liz, as visões de Alice podem mudar. – falou Edward meio amargo.
-- Pai – agora eu tinha de usar todas as forças, truques e tudo mais que pudesse ter para conseguir algo que nascia forte em: resgatar minha mãe. Sai dos braços de Bella e foi para os braços do meu pai – se nós conseguíssemos ir à Itália e com muito cuidado falássemos para minha mãe, convencê-la de que tudo pode ser diferente...
-- Os Volturi não nos deixariam se quer sair de lá, meu anjo. – disse Jazz, pondo os meus pés no chão.
Levantei de seu colo lentamente, pensando como e de que forma isso seria possível.
-- Estamos vendo o que está tentando fazer, Liz. – disse Esme que havia voltado com tio Emmett e tia Rose mais recomposta.
-– Desculpem-me, mas fiquei assustada e por um instante achei que não iria resistir... Estou realmente envergonhada. – disse tia Rose, que não me encarou ao falar.
-- Tia... – minha intenção era de correr e abraçá-la novamente, mas braços fortes e pétreos me seguraram impedindo meu ato. – Pai?
-- Ela ainda não está tão segura disso. – os olhos de meu pai a fulminavam de acusação.
Vi minha Rose ser abraçada por Emmett e Esme, num reconfortante abraço. Sua face era de pura tristeza. Tanto tempo vegetariana e agora meu cheiro quase comprometeu todo o seu esforço. Se ela pudesse chorar, o faria agora. Não pude agüentar isso, e não sei como, mas sai dos braços de Edward e fui ter com minha tia aquele abraço que foi interrompido.
-- A senhora precisa mais de um abraço? – abri meus braços e senti Edward se mexer atento no sofá.
Rose abriu seus olhos num sorriso e ela saiu devagar dos braços de Emmett e Esme, e os seus braços foram para minha cintura. Percebi que ela não respirava. Iria se acostumar.
O abraço se desfez e voltei para o meu avô. Precisava convencê-los de que tudo iria dar certo. Mas no tempo certo. Beijei a face de meu querido avô e de minha mãe calmamente.
-- Sabe que amo a todos. – falei mais calma – Mas minha mãe merece uma chance de melhorar. A chance que ela mesma deveria ter se dado. Sei que fizeram de tudo, mas agora é diferente. Eu sinto, tia Alice sente e tenho certeza que Jake sentirá.
-- Jake? – repetiu Emmett com desdém.
-- Jacob, tio. – não era para chamar a atenção para isso. A intenção era outra, apresentar o meu plano - Pai, entenda, precisa ajudar mamãe. Sei que quer isso mais do que qualquer coisa. Vejo e leio em sua mente também. Você só não se ofereceu para estar no lugar dela, por causa de nós. – referia-me a mim e a Bella. Precisava furar aquele bloqueio de proteção que tem sobre nós e fazê-lo pensar num plano.
– Olha, não precisamos ir agora. Podemos planeja algo, buscarmos ajuda. – parei e esperei comentários, mas o silêncio veio em resposta.
– Como fizeram antes... – continuei – Com os lobos... Lutaram juntos... Duas vezes. Poderíamos fazer novamente.
-- Você tem que pensar duas coisas, Liz – falou meu pai e sua voz era dura, parecia não ter esperanças – Sua mãe se foi porque quis e segundo, por que os lobos nos ajudariam?
--“Ir porque quis”... não tenho tanta certeza disso. Acredito que circunstâncias a levaram fazer isso. A tristeza dela igual a sua pai, por também não conseguir viver sem a pessoa amada. Igual a Romeu e Julieta. Entretanto diferente. Ela, minha mãe, preferiu a vida seca e com sangue, sem nenhum sentimentalismo, nenhuma emoção. Uma vida eterna sem se importar com mais ninguém. Mas, certa forma, ela buscou algo com os Volturi, algo que não conseguiria aqui. Papai, ela merece uma CHANCE!
-- E quanto aos lobos? – perguntou secamente.
-- A minha visão com Jacob... Só sei que a resposta está nele.
-- Precoce essa menina, hein? – disse tio Emmett com orgulho ou com sarcasmo – Muito bem, mocinha, deixa eu te dizer algo que talvez não tenha percebido. – agora ele falava sério abaixando-se para ficar na minha altura – Você escapou de um ataque de uma vampira de um século de vida, por muito pouco.
-- Emmett, ela vai me odiar – choramingou tia Rose.
-- Mas ele tem razão. – confirmou Edward.
-- Ela conseguiu resistir, tio. – afirmei sem vacilar.
-- Nem tanto. Rose está sem respirar desde que entrou na sala. – meu pai foi mais duro e direto.
-- Como você pretende ficar entre vampiros tão perigosos como os Volturi se não consegue perceber um ataque tão perto de você? – sua face se transformou quase que num monstro. Mas não me assustei. Encarei aqueles olhos de topázio e num furor que subiu pelo meu corpo, agarrei-o pela bordas de sua jaqueta e apliquei-lhe um golpe que ele rodopiou e o fez aterrissar em cima de uma cadeira ao meu lado partindo-a ao meio e afundando o piso do chão. Usei o meu corpo como uma alavanca para mexer aquele urso do lugar.
-- Que tal dessa forma? – perguntei bem perto de seu rosto.
-- Ela aprendeu bem a se defender – disse tio Jazz com um sorriso no canto da boca.
Não fosse o meu tamanho e a minha pouca idade, com o espanto das outras pessoas e principalmente de meus pais, talvez eu tivesse conseguido convencê-los de viajar no dia seguinte, pensei. Mas eu estava errada.
-- De jeito nenhum, eu deixo. – disse Bella decidida e quando ela decide os outros em geral concordam com ela.
-- Liz – tia Alice agora tentava dar sua opinião – quero muito ir, quero muito salvar Ness. Mas devemos ser prudentes...
-- Arrumarmos um plano, ver possibilidades, probabilidades... – meu cérebro não parava, agora tinha de concordar: ainda era humana.
-- Nem pense nisso de novo! – sentenciou meu pai - Sem chances.
-- Eu sei pai, mas são possibilidades – argumentei – não seria agora...
-- Seja prudente, levaria muito tempo até você se acostumar a ser vampira. – disse Carlisle. – Se viesse a se acostumar.
-- E você poderia querer não gostar essa vida. – acrescentou Esme.
-- Como eu, que nunca pedi isso. – somou tia Rose.
-- Tudo bem – concordei.
Vi que essa batalha iria ser dura. Mas também sou decidida. Decidi bloquear meus pensamentos para qualquer um, até mesmo meu pai. Vi seus olhos pai se fixar em mim.
-– Sou humana? – perguntei ao meu pai. – Quero viver como uma. Uma da minha idade. Quero ir à escola. Ir ao shopping. Ter amigos: HUMANOS, humanos de verdade. – aquilo tinha de dar certo. – ah, e quando eu morrer? Vocês irão chorar por mim?
-- Liz... – quis interromper meu pai. Sua voz mudara o tom áspero para o doce rapidamente, mas eu não iria parar.
-- O que foi papai? As pessoas morrem, sabe? Depois de envelhecer ou de doença...
-- Sei o que quer fazer, Liz – disse minha mãe docemente.
-- Sabe? Sim, é claro que sabe. Você mais do que qualquer outra desta sala precisava ser transformada e ficar eternamente jovem para ser feliz ao lado de quem a ama tanto - apontei para o meu pai - Mas eu... Tenho de morrer. – minha voz estava embargada e lágrimas se formavam em meus olhos, mas não as deixei rolar – E perder, perder todos vocês. – completei quase sem voz.
-- Liz... - Foi a última coisa que ouvi mamãe falar.
Corri o mais rápido que pude para fora de casa. O vento soprava forte e cortava-me o rosto alguns galhos das plantas por onde eu passava. Quase não via o caminho, pois meus olhos cheios d’água não me deixavam enxergar direito. A ideia de perdê-los era dolorosa demais. Já havia perdido Renesmee para aqueles Volturi. Não era fácil saber que iria morrer e todos iriam ficar.
Alcancei o rio rapidamente e sentei a beira dele, no mesmo lugar onde dois dias atrás havia sonhado com Jacob. Precisava pensar numa maneira de convencê-los de salvarmos minha mãe e tornar-me vampira. Na verdade nem sei se ela queria ser salva, nem sei se queria ser vampira. Mas se fosse preciso me transformaria sem remorso. Renesmee nunca conferira pessoalmente se eu havia sobrevivido ou não. Nem a família, que havia ensinado tudo a ela, era merecedora de sua gratidão ou bondade. Não poderia ser assim, não mesmo. Algo estava errado. Algo não se encaixava.
Consegui, apesar da dor, manter a aura que protege meus pensamentos. Não queria ser encontrada, não ainda. Eles nunca concordariam me transformar em vampira. Também não concordavam em resgatar minha mãe. Algo...
De repente uma voz apareceu em minha mente e me fez parar para escutá-la.
“Que cheiro é esse?” - pensou a voz em minha cabeça e não era meu pai ou qualquer outro membro da minha família que pensava. Não era ninguém conhecido. “Não pode ser” disse de novo a voz, e eu estava quase sem respirar, pois não via vulto de nenhuma forma humana por perto. “Esse cheiro eu conheço, mas não pode ser da mesma pessoa”. Daí eu pude ver de onde vinham os pensamentos que conseguia escutar perfeitamente. Era de um enorme lobo, mas seus pelos eram de cor diferentes dos de Jacob transformado. Suas patas enormes lentamente vieram em minha direção. Tinha o pelo castanho e seu grande focinho mostrava olhos amendoados. Nossos olhos se encontraram e foi difícil imaginar se eu ainda tinha pernas. Fiquei imóvel. Meu coração acelerou.
Ele também parou. “Não pode ser, mesmo” pensou o lobo parado a minha frente. O lobo recuou rapidamente por onde saiu desaparecendo entre as árvores. Tive curiosidade e vontade de correr atrás dele, mas fiquei no mesmo lugar. Mas minhas pernas estavam dormentes. De repente sai, por entre os galhos, um rapaz alto, de pele morena, corpo musculoso, cabelos curtos, talvez com vinte e poucos anos, vestia apenas bermuda.
Ele se aproximou de mim lentamente e as mesmas palavras estavam em sua cabeça: “Não pode ser, não pode ser.” Parou a um metro de distância. Vi agora que ele era muito bonito e lembrava o Jacob dos meus sonhos. Jacob... talvez ele o conhecesse.
-- Quem é você?
-- Quem é você?
Falamos ao mesmo tempo. Mas foi ele que falou primeiro.
-- Sou Seth. – apresentou-se com um belo sorriso no rosto. Para o meu espanto o amigo lobo de Bella.
-- Seth? Sou Liz, neta de Bella e Edward.
-- Desculpe-me, neta?! Bella nunca falou de uma “neta”. – franziu a testa – Bella está... aqui?
-- Bem, na verdade ninguém sabia, até agora. – ainda estava receosa de falar com uma pessoa estranha, ainda por cima um lobo, mas sentia verdade nele. – É uma longa história. Eu te conto tudo, depois. E sim, está sim.
-- Bem, não se preocupe, eu sei guardar segredos. – falou sorridente como um o garoto. – Puxa, não pude deixar de reparar, você se parece demais com Bella e seu cheiro... É, bem, - falou tímido - também consigo sentir o cheiro de vampiros em você, mas seu cheiro humano é mais forte.
-- Todos dizem isso. – tive a prova disso mais cedo. Ele também via que estava sendo sincera.
-- Uau!! – gritou ele – Se você é... Então, Bella... Edward... – falou com grande entusiasmo – Preciso vê-los!
-- Posso te levar até a minha casa. – convidei-o imaginando que isso seria certo fazer, não sei direito. – Mas lembre-se, eles são vampiros.
-- E eu sou o Alfa da alcatéia. – falou com orgulho, mas sabia que seu bom humor acompanhava o que dizia. - Relaxa. Eles são meus amigos. Nossa, estou morrendo de saudades de todos. – falou como se fossem seus parentes próximos. Mas parou e me observou calmamente se aproximando mais um pouco ao alcance de sua grande mão que veio em direção ao meu rosto. – Gata, seu cheiro é igual ao da Bella, eu quase não pude acreditar. – sua mão levantou-se num gesto para me tocar. Sei lá talvez me tocar seria como saber se eu era real ou sonho. Fechei os olhos. Um grande barulho como uma batida de dois carros de frente e depois outro de entrada brusca dentro da água me fizeram saltar para trás. Emmett havia pegado Seth e o arremessou quase a margem do outro lado do rio que se transformou em lobo imediatamente.
-- Liz, vá para casa! – gritou meu tio Emmett. Ele não estava só, a família toda estava junto com ele.
O grande lobo soltou rugidos ensurdecedores e recuou até a margem, buscou distância e sabia que iria saltar o rio. A briga iria ser muito feia se eu não fizesse nada.
-- Não!! – corri em direção ao tio Emmett que mais parecia um urso polar enfurecido. De um salto fiquei no meio da briga. Meu coração estava aos pulos e tinha certeza que meu tio iria acabar com Seth. Foi quando a voz voltou a falar “Droga, ela está na frente dele.” “Cai fora que eu vou arrebentar a cara desse idiota”. – Não mesmo! – respondi aos pensamentos de Seth. Voltei para o meu tio. – Tio, é Seth, lembra? Ajudou você a vencer os vampiros.
-- Calma gatinha, sei quem ele é. – e deu uma piscadela para mim. Sempre que ele fazia isso era porque a coisa não era assim tão séria.
Segurou-me pelos ombros e me pôs de lado. Pegou distância para saltar o rio para onde estava o Seth e saltou aterrissando em uma pedra buscando um impulso. Pulou em cima do lobo que se defendeu com suas patas traseiras, como um coice, o ricocheteou jogando de novo em cima pedra que rachou. O choque fez tremer as árvores ao lado. Meus olhos se quer piscavam de medo. Tinha de fazê-los parar ou alguém poderia morrer. Eu temia por Seth, é claro. A briga parecia equilibrada a meu ver. Seth tinha ótimos reflexos, mas Emmett aproveitou seu descuido para dar-lhe um soco que o deixou tonto, revidou com violência devolvendo meu tio a margem contrária da briga. Finalmente vi o fim da briga. Meu pai apareceu e quando achei que ele iria dar fim nisso. Ele saltou e continuou de onde Emmett havia parado. Olhei para tia Alice e todos os outros. Estavam observando tudo como se fosse um jogo de tênis. Agora havia entendido: estavam... se cumprimentando. E eu quase morro de um infarto.
Após os “cumprimentos”. Ambos saíram da água, meu pai, que não tinha ferimento nenhum e Seth, que mancava da pata traseira. Os dois conversavam animadamente, mas para quem não tem o poder de ouvi pensamentos via somente um a falar com um canzarrão.
-- Bom te ver de novo... Mas essa pata ai não vai ser problema, vai?
“Que nada. Qualquer coisa Carlisle está ai para me ajudar” – ambos riram.
-- Seth! Você está bem? – Sabia que meu pai estaria muito bem, mas Seth estava mancando. Abracei seus pêlos molhados. “Sim.” Respondeu em seu pensamento. “Ah é, ela consegue entender. Não é somente você a ler pensamentos.” Disse Seth olhando para o meu pai.
-- Exatamente. – falou meu pai olhando para mim – Seth, acho que você acaba de conhecer Liz, minha neta. Liz, esse é Seth, nosso grande amigo. – seus olhos foram para Seth e depois para Emmett – Que deu uma surra no Emmett, concordo.
-- Surra que nada, me pegou desprevenido. – reclamou Emmett, agora mais manso.
-- Seth! – minha mãe correu e lhe abraçou coçando a orelha e por isso recebeu várias lambidas. – Que saudade de você. Mas esse seu cheiro de cachorro molhado... nossa!
-- Seja bem vindo, Seth. – disse Carlisle. - Você pode se destransformar, para eu ver sua pata, por favor.
Imediatamente todos olharam para mim.
-- A gente se vê lá em casa, certo? – ele respondeu com um “sim” animado. Era hora mesmo de sair. Seth agora era de todos.
Ralf, meu cachorro pit Bull, ficaria com ciúmes se eu tivesse um outro cachorro? Ri disso, mas sabia que Seth não era um cachorro qualquer, era um humano com uma sina: de se transformar sempre que vampiros aparecessem nas terras quileutes.
Entrei pela porta da cozinha fiquei fazendo um lanche, talvez Seth tivesse fome. Então fui fazer minha especialidade: sanduíche de peito de peru, queijo, ovos, alface tomate, fritas, um pouco de maionese para prender tudo e ficou com dois andares cada um. Só depois ouvi vozes animadas entrando pela mesma porta quando já estavam prontos dois prédios de sanduíches e aprontei dois copos de suco de laranja para acompanhar.
Primeiro entrou meu pai, seguidos de Seth destransformado, usando calças de moleton de Emmett e expondo todos aqueles músculos. Depois um a um foi entrando devagar tomando assentos a mesa. Conversavam animados ainda sobre a briga que se deu no rio. Depois recordaram a primeira batalha a qual Seth ficou ferido por salvar meu avô de uma vampira doidona, Victória, que queria matar Bella.
-- Nosso convidado deve estar com fome, papai, dê um tempo a ele. – falei pondo os dois enormes sanduíches na mesa com os dois copos grandes de suco.
Olharam estranhos para mim. Notaram uma diferença: a minha voz, a atitude, meus movimentos.
-- Uau! – surpreendeu-se Seth com minha arquitetura gastronômica – E onde está o seu?
Olhei para o meu pai que riu de minha surpresa e ingenuidade. Ele sabia que meu espanto era porque havia ali quase dois quilos de comida. Pelo pensamento explicou, enquanto Seth devorava tranquilamente aqueles dois sanduíches como se fossem pipocas amanteigadas, que o apetite dos lobos era um pouco diferentes dos outros humanos. Não devia ter me espantado, além disso, como era que aquele enorme homem conseguiria manter aquele corpanzil, se não, comendo.
-- Nossa! Estava muito, muito bom! Parabéns! – falou enquanto limpava a boca com o guardanapo.
-- É bom de vez em quando ter companhia para o almoço. Geralmente como só.
-- É mesmo? – disse Seth, tranqüilo, mas seus olhos pararam em mim e parecia que havia visto um fantasma.
Vi em seus pensamentos as perguntas se formarem rapidamente, como poderia eu ser humana, viver junto com tantos vampiros, sem ser transformada.
-- O que foi, Seth? – Perguntou minha mãe desconfiada.
-- Calma, Seth, uma pergunta de cada vez. – disse meu pai calmamente. –Vamos por parte. Primeira resposta: sim. Liz é humana, totalmente humana.
-- Humm, já vi esse filme. – disse Seth cético.
-- Ela é filha de Renesmee e um humano. Ninguém sabe, agora além de você, realmente da existência Liz. Nem Renesmee.
A história que havia sido contada para mim pela manhã foi repetida a Seth. Acrescentaram que eu era precoce e que tinha certos poderes, mas o corpo não acompanhava, envelhecia devagar. Contudo, não falou sobre os sonhos com Jacob ou planos para salvar minha mãe. Não quis interromper. Meu pai poderia falar algo que eu pudesse usar para somar ao meu plano, pelo menos esperava por isso.
-- Seth preciso que guarde segredo sobre Liz. – pediu minha mãe ansiosa. – Sei que não será problema para você.
-- Não mesmo. – assentiu Seth. – Mas você tem uma cópia perfeita sua e quando ela crescer. Até o seu perfume... – acho que ruborizei e ele virou-se para mim – Quando nos encontramos você me perguntou se eu conhecia Jacob. – fez uma pausa – Ele era meu melhor amigo.
-- Era? – tremi.
-- Ele sumiu depois que Renesmee nasceu. – falou confirmando o que eu já sabia.
-- É, estou sabendo. Mas queria saber se ele está vivo? – controlei minha voz para não sair tão ansiosa. Acho que não consegui.
-- Curioso perguntar, pelo que sei você não conheceu Jacob – disse mirando seus olhos negros para os meus. - Mesmo assim, nunca o encontraremos, porque ele não quer ser encontrado. Tentei de tudo, mas nada deu resultado.
-- Não mesmo. – Não ainda. Talvez se conseguisse um bom motivo. Vi grandes olhos de topázio fulminar meus olhos – Sim, papai, eu bloqueei meus pensamentos, quero privacidade. - Até Seth, sentiu o clima mudar.
Edward nada disse a respeito da minha decisão, mas Seth expôs seu pensamento.
-- Às vezes queria ter o seu poder, esse cara às vezes enche o saco! - todos riram.
Seth se despediu agradecendo a todos pela hospitalidade dispensada. Eu vi aquele grande homem, gentil, educado e bem humorado ir embora.